quinta-feira, 13 de junho de 2013
domingo, 9 de junho de 2013
Domingo de mea culpa
7h 19m. Acordo com o clique de um interruptor e salto da cama. Barafusto de imediato, perante a aparente pressa de iniciar uma manhã chuvisqueira, quando o nosso programa ocupacional se resume a ver passar as horas do dia.
Depois da explosão, incontida, amuo comigo própria e desempenho as tarefas de higienista, enfermeira e camareira, em pleno silêncio. No final, ouço um "obrigado", que me perturbou as entranhas e me deixou no mais profundo sentimento de culpa e remorso.
À hora a que, supostamente, planeara levantar-me, restava-me olhar para o lado, escolher e pegar nalguma daquelas ocupações que não me apetecia ver, à espera de serem feitas. Era cedo para começar o almoço. Tudo o resto, que continue à espera. Na cadeira da sesta, meu pai já sossegado, vê televisão de chácha, delicioso prelúdio para completar o sono nocturno que não viera, em tempo certo.
Para repor baterias, decido-me por uma saída e (necessidades de quem se sente pecador), resolvo ir à missa, na cidade. Sentei-me no último banco da igreja, junto da porta, para sair discretamente, se o Ofício Divino se prolongasse para além da hora que tinha disponível e que os meus horários rigorosos lhe concediam. Tudo decorria normalmente até ao momento em que a Assembleia dos Fiéis se levantou para escutar a leitura do Evangelho (Lc. 7, 11-17). Apercebo-me que, dois bancos à frente, uma idosa permanece sentada, imóvel, enquanto a senhora do lado tenta despertá-la da sua passividade, tocando-lhe no rosto, sem êxito. Outra, surge detrás e a 1ª, sai. Começo a prestar dupla atenção. Por um lado, escuto a leitura do Evangelho e vou associando as situações que me vão sendo apresentadas. Depois de alguns minutos, a pessoa que saiu volta com água, mas tudo se mantém na mesma. É preciso voltar a sair. Nem mesmo o padre se apercebe, ainda, de nada. Momentos depois, surge a equipa médica. Fazem um breve exame, afastam os bancos e retiram a senhora na posição de sentada, imóvel, para a cadeirinha que trazem. A missa continua. Os poucos que se aperceberam das movimentações, permanecem como antes. Em breve, ressoa aos ouvidos de todos, o som da ambulância, que se queda, bem próximo.
Um baque em mim, retira-me daquele espaço e transporta-me para o lugar de onde eu tinha vindo. Durante a homilia, retive uma mensagem:
Às vezes, também morremos, quando levamos uma vida desalmada (sem alma) e precisamos que Deus nos devolva essa nossa Alma para que as nossas acções sejam plenas de Vida, na nossa relação com os outros.
O relógio galopa a par do meu desassossego. Saio, bem antes do final da cerimónia. Enquanto percorro os escassos metros até ao carro, volto a ligar o telemóvel e, mal me sento, escuto ansiosamente, os toques do telefone, em espera inquieta. Por fim, pergunto:
-Tudo ok?
-Tudo ok. Já comi o lanche da manhã e já estava a passar pelas brasas!
-Óptimo! Então, continua e passa pela "fogueira" toda. Ainda me demoro um pouco, tá bem?
_Demora o tempo que quiseres. Não tenho fome, agora.
-Ufa! Que alívio, na minha consciência!
À hora a que, supostamente, planeara levantar-me, restava-me olhar para o lado, escolher e pegar nalguma daquelas ocupações que não me apetecia ver, à espera de serem feitas. Era cedo para começar o almoço. Tudo o resto, que continue à espera. Na cadeira da sesta, meu pai já sossegado, vê televisão de chácha, delicioso prelúdio para completar o sono nocturno que não viera, em tempo certo.
Para repor baterias, decido-me por uma saída e (necessidades de quem se sente pecador), resolvo ir à missa, na cidade. Sentei-me no último banco da igreja, junto da porta, para sair discretamente, se o Ofício Divino se prolongasse para além da hora que tinha disponível e que os meus horários rigorosos lhe concediam. Tudo decorria normalmente até ao momento em que a Assembleia dos Fiéis se levantou para escutar a leitura do Evangelho (Lc. 7, 11-17). Apercebo-me que, dois bancos à frente, uma idosa permanece sentada, imóvel, enquanto a senhora do lado tenta despertá-la da sua passividade, tocando-lhe no rosto, sem êxito. Outra, surge detrás e a 1ª, sai. Começo a prestar dupla atenção. Por um lado, escuto a leitura do Evangelho e vou associando as situações que me vão sendo apresentadas. Depois de alguns minutos, a pessoa que saiu volta com água, mas tudo se mantém na mesma. É preciso voltar a sair. Nem mesmo o padre se apercebe, ainda, de nada. Momentos depois, surge a equipa médica. Fazem um breve exame, afastam os bancos e retiram a senhora na posição de sentada, imóvel, para a cadeirinha que trazem. A missa continua. Os poucos que se aperceberam das movimentações, permanecem como antes. Em breve, ressoa aos ouvidos de todos, o som da ambulância, que se queda, bem próximo.
Um baque em mim, retira-me daquele espaço e transporta-me para o lugar de onde eu tinha vindo. Durante a homilia, retive uma mensagem:
Às vezes, também morremos, quando levamos uma vida desalmada (sem alma) e precisamos que Deus nos devolva essa nossa Alma para que as nossas acções sejam plenas de Vida, na nossa relação com os outros.
O relógio galopa a par do meu desassossego. Saio, bem antes do final da cerimónia. Enquanto percorro os escassos metros até ao carro, volto a ligar o telemóvel e, mal me sento, escuto ansiosamente, os toques do telefone, em espera inquieta. Por fim, pergunto:
-Tudo ok?
-Tudo ok. Já comi o lanche da manhã e já estava a passar pelas brasas!
-Óptimo! Então, continua e passa pela "fogueira" toda. Ainda me demoro um pouco, tá bem?
_Demora o tempo que quiseres. Não tenho fome, agora.
-Ufa! Que alívio, na minha consciência!
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