segunda-feira, 22 de julho de 2013

Nos braços de Morfeu

De repente, no Vale Escuro, dois raios luminosos precederam o inesperado ribombar de trovões, tão fortes como há muito tempo não se ouvia por aqueles sítios.
Pelos penhascos selvagens da colina, com pretensões de ser Estrela, como a Serra que lhe servia de referência, trepavam agora, rebanhos e rebanhos, bandos e bandos.
De um lado, começara por ver-se o "salve-se quem puder". Esgatanhando, trepando em busca do céu, os homens pareciam ser ovelhas amedrontadas, a querer correr, mas presas na mansidão da rotina a que estavam habituadas. Ao mesmo tempo, pareciam cagarras. Chilreantes, acostumadas à bravura dos mares mas, de asas cortadas, tementes pelas ninhadas, pelas crias, que lhes preenchiam os cuidados.
Do outro lado do penhasco, lá vai, outra vez, o rebanho ora descendo, ora parando, tosquiando "lana caprina", enquanto nas patas lhe anilham grilhões de ferro ou de aço. Rebolam-se, os bichos, em aflição, num "cai-te não caias", até se estatelarem nos pedregulhos do sopé do outeiro.
Num aperto final, soou, no Vale, um grito lancinante.
-Maldito pesadeeelo!
O alarme do hotel disparou trazendo aos corredores os hóspedes dos quartos vizinhos. Uns, em chinelos.Outros, em pelota, em roupão, em cuecas ou de tanga.
Os primeiros a surgir, abriram a porta do quarto 213 e clamaram ao estarrecido que acabava de acordar, sacudindo ainda, as mãos, como se lhas tivessem cortado.
-Que é isso, homem? Pronto! Não se passou nada. A noite está calma. Lá fora, o mar está chão e a madrugada não tarda a surgir, com a promessa de sol brilhante. Volte a dormir descansado.
No regresso de todos, aos respectivos aposentos, ouvia-se, em surdina:
- Não se faz isto, numa noite tão serena! Pânico, para quê? Há que responsabilizar este idiota.



sexta-feira, 12 de julho de 2013

Uma "flor"

Pensei que, desta vez, conseguiria resolver, apenas comigo mesma, todos os trâmites do "encosto" forçado, que tive.
Que raiva. Enganei-me, mais uma vez.
Afinal, durante o fim de semana, vou precisar de um parecer seguro, esclarecido, capaz de firmar a melhor decisão que devo tomar.
Detesto o provérbio mas, tenho de concordar com ele:
"Numa mulher, não se toca, nem com uma flor".