... Acho que me vou propor aos exames que permitem saltar ao 10ª ano! Afinal, já tenho mais de 15 anos e, se atendermos ao grau de dificuldade das últimas provas de aferição, talvez eu fique a perceber melhor que 1+1 pode não ser 2 e ficarei com diploma de "actualizada"!...
Ouvi a sra Ministra da Educação falar da preocupação em atender aos superiores interesses das crianças no que se refere às alterações previstas no Ensino Básico.
Ouvi, hoje, o sr 1º Ministro dizer na Assembleia da República que os agrupamentos em centros escolares são também medidas de contenção e fico, ainda, mais confusa.
Sempre o dinheiro ou a sua falta, a sujeitar os mais indefesos da sociedade aos sacrifícios resultantes da incúria de lideranças incompetentes.
Sempre o Ensino Básico a ser cobaia das políticas de dirigentes experimentalistas.
Não sei se a sra Ministra alguma vez viveu, "uma aventura... a caminho da escola". Eu já. E de muitos modos.
Obrigar crianças de meia dúzia de anos a deslocações diárias "em latas andantes" é o mesmo que buscar a escola a "butes", como se fazia no século passado. É crueldade disfarçada de progresso. É condenar o gosto do saber, logo à nascença. É decretar que o pequeno que se dá mal nos carros, aquele a quem dói a barriga ou se sente, de repente, cheio de febre, seja obrigado a cumprir os horários de retorno a casa no final do dia, em vez de aguardar uns minutos pela chegada da mãe, da avó ou até da vizinha que lhe preparam o "chá do mimo" a que tem direito, é correr riscos nas viagens constantes.
Sujeitaria, sra Ministra,um seu filho ou um seu neto pequeno, às deslocações constantes que as novas hipóteses de usufruto da escola pública propõem para o interior do nosso país, em dias de neve ou calor abrasador?
Não haverá forma mais atractiva de evitar a desertificação do nosso Portugal interior ou de atrair até essas zonas, alguns dos que se "atropelam" no litoral?
Então, só o sucesso das estatísticas é determinante na avaliação do desenvolvimento pessoal das nossas crianças?
Afastando a escola facilita-se mais o interesse dos pais no acompanhamento da vida escolar dos filhos? Não creio.
Sem pensar em dinheiro, sugiro que se inverta o plano. Possibilite-se a pesquisa da vida e não o cansaço de a ter de descobrir, em esforço de cada dia, pela razão do local do berço, ser o menos favorecido.
Possibilite-se a geminação das turmas das grandes escolas com as de fraca frequência calendarizando entre elas, ocasionais deslocações de alunos e envolvendo nessas recepções os pais e a comunidade local, numa troca de saberes e vivências que são o maior património do nosso povo.
Como seria agradável a uns, visitar meninos que conhecem galinhas para além das do supermercado, que sabem plantar a couve e acompanham o crescimento das plantas, que correm nas ruas sem trânsito, que vêem e ouvem o riacho a correr, que conhecem adágios, lengalengas e cantigas populares, etc, etc.
Como seria melhor para os outros, os do interior, dito atrasado, serem recebidos como visita e partilhar, da "balbúrdia de um grande rancho", da dita "evolução urbana", do tal progresso que, actualmente, até rouba tantos empregos aos pais e aperta o cinto às escolas dos filhos. E, depois, sim, depois, visitar museus, bibliotecas, monumentos e dissertar sobre tudo. Contar, comparar e citar. Em computador ou de lápis na mão.
Assim, parecia-me que se combateria a solidão dos grupos e se promoveria a noção de Pátria Comum, promovia-se a partilha do conhecimento, a solidariedade e o desenvolvimento harmónico de todas as zonas do nosso Portugal e das suas gentes, sem "ilhas de modernidade".
Apenas um detalhe. Seria mais difícil concretizar a redução do número de professores e prescindir da sua opinião relativamente a alterações estruturais do sistema educativo!...
sexta-feira, 4 de junho de 2010
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