segunda-feira, 12 de julho de 2010

Honra aos vencidos!

Talvez por influência da minha costela masoquista, apetece-me falar, apenas, dos Holandeses, da sua capacidade de resistência, da sua resiliência!
Afinal, vencedor foi só um. Com mérito (que o diga a selecção portuguesa), com capacidade de união de um povo a fazer inveja às diligências desenvolvidas pelos doutos políticos!
Afinal, através do fenómeno futebol é tão fácil que as multidões sintam a felicidade do triunfo, a chama do sucesso ainda que, de per si, cada um dos seus elementos saiba bem o quanto é efémero e difícil atingir-se o topo, a glória!
Porém, o que é o topo? O que é a glória?
Olho a festa colectiva e vem-me à ideia a imagem que construí sobre os duelos da Antiguidade, no Coliseu de Roma!...
O Homem sabe pouco sobre o seu desenvolvimento pessoal mas sabe que tem necessidade de celebrar vitórias que o ajudem a carregar o fardo do seu dia a dia. Sente-se mais forte vivendo um espírito gregário, no sofrimento ou na alegria. Assim, em conjunto, disfarçam-se as fragilidades individuais.
É preciso aprendermos a valorizar as nossas próprias derrotas. É preciso lembrarmos, com humildade, o papel dos vencidos na construção das nossas próprias vitórias. Eles, os derrotados, foram participantes indispensáveis da vitória a celebrar e estão, por direito próprio, ao nível dos vencedores.
Por tudo isto, é que me sinto bem quando vejo um suplente levantar o queixo ao choroso guarda-redes, quando vejo a ajuda no erguer do desolado, quando olho o abraço consolador ao treinador derrotado, quando vejo uma mão negra e outra mão branca, na entrega do troféu.
Parabéns, Holanda! Hoje, embora não pareça, ainda há muitos mais "holandeses" que "espanhóis". Saibamos descobrir essa realidade no momento festivo.
Talvez que, na próxima edição, eu "me veja grega" para vos aplaudir como justos campeões!
...É que, no fim de contas, cada um de nós tem direito ao seu próprio sonho!

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