Há 2 ou 3 dias atrás, depois do serão, como de costume, fui até à varanda que me debruça sobre a cidade, apreciar o fresco da noite, a adivinhar "estórias" por detrás de cada janela ainda iluminada e meditando em banalidades.
Quebrando toda a aparente serenidade citadina, um ronco de motor desvia o meu olhar na direcção da mata que a cidade tão pouco valoriza. Emergindo do arvoredo iluminado, surge-me aos olhos o tal helicóptero. Aquele que, bastas vezes, me tem sido dado ouvir e observar nas suas idas e vindas, tristemente necessárias.
Alguém, no hospital, justifica tal viagem. Alguém é transportado até ao adaptado heliporto e levado para qualquer um dos grandes hospitais da capital.
Ainda o pisca-pisca do heli se avistava no negrume do céu e já os holofotes da mata se desligavam como se a vida rotineira se impusesse àquela urgência de socorro.
E, tão poucos se dão conta disso, de cada vez que acontece.
Fechei a janela, fui dormir dando razão à relatividade com que devo olhar os meus pequenos-grandes problemas.
Agora mesmo, meio da tarde, voltei a debruçar-me na mesma varanda, não já para apreciar pontinhos luminosos mas sim, o calor do sol que foi capaz de vencer os chuviscos da manhã.
Gozando uma quietude a que nem sempre dou importância, novo ronco de motor volta a despertar a minha atenção.
Lá vem ele! Desta vez, observo o seu poisar, o seu silenciar...
Outro alguém precisa de cuidados mais urgentes.
Como sempre, nunca consigo ficar indiferente às movimentações deste helicóptero de serviço hospitalar e já dei por ele a todas as horas do dia ou da noite.
Diz-me a experiência do que já observei tantas vezes, que demorará ainda um bom pedaço até se elevar nos céus e partir, outra vez, rumo ao sul.
Diz-me a Vida que demorará até que eu saiba ser grata a todo o meu bem-estar e às coisas pequeninas de que disfruto e que tão pouco sei apreciar comigo própria!...
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
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