A Rádio Antena 1 celebra, hoje, os 75 anos de Rádio Pública, em Portugal.
Também eu tenho memórias da rádio, esse meio de comunicação fantástico, capaz de chegar à minha vida desde menina e que, ainda agora, escuto com gosto.
Enquanto me vou identificando com muitas das referências que estão a ser evocadas, vem-me à memória o dia em que meu pai colocou sobre a mesa da cozinha aquela maravilhosa telefonia "Schaub" (acho que era esta a sua marca) . Ligou-a à ficha da luz que teria chegado a nossa casa há pouco tempo ainda e, num breve mas longo hiato de tempo, esperámos que as válvulas "aquecessem" até ao momento em que " se abriu a torneira" daquela moderna descoberta.
Desde então, acho que nunca mais me desliguei de tão surpreendente modo de "voar".
Recordo o suporte na parede que meu pai inventou para que o "aparelho" estivesse sempre à mão e ao ouvido, sem estorvar, sem se estragar, a jeito de ser ligado, por um deles. Sim, porque a princípio, não era permitido aos garotos ligar ou mexer nos botões, sem autorização dos pais. E, como era apetecível transgredir essa regra! Outros tempos.
Recordo o naperon que minha mãe colocava sobre a telefonia, com duas funções: decorar e proteger do pó, para que não se estragasse aquele pequeno-grande luxo.
Recordo a sedução com que escutava o programa infantil da produção de Maria Madalena Patacho. Lembro-me, até, da música do genérico que me prendia quieta, imaginando cenários, a meu modo. Acho que me deixava absorver tal como vejo, hoje, os miúdos diante dos desenhos animados da tv.
Recordo "os serões para trabalhadores", ao sábado, verdadeiros espectáculos para quem não tinha modo de aceder a outro tipo de concertos musicais.
Recordo as tardes de domingo, com os relatos de futebol que, por magia, faziam meu pai actualizar as horas de sono perdidas durante a semana, nos árduos dias de trabalho. Recordo a arrelia de minha mãe ao ouvir aquelas grandes e prolongadas "explosões" de "gooooooooolo" , desligando o aparelho à sucapa e, assim, acordando meu pai imediatamente, da "soneca profunda" de que parecia atacado.
Recordo o transistor que recebi de presente e o prazer com que escutava os diálogos de domingo com os d`Eça Leal ou os Parodiantes de Lisboa, etc, etc.
Recordo...recordo, tanto.
Recordo essa manhã de Abril quando, ao bater das 7 h, busco na rádio "imagens" duma Revolução ainda por decifrar, procuro notícias que sosseguem minha mãe que adivinhava meu irmão, imerso, no âmago desse Acontecimento.
Há tanto da rádio que faz parte de mim!
Hoje, acordei com a rádio a festejar os seus 75 anos. Hoje, desejo adormecer com a rádio tal como fiz ontem e espero voltar a fazer amanhã.
Obrigada, Rádio Pública Portuguesa, presença sempre disponível, a distribuir companhia.
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
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