Na caminhada, primeira,
Já vem ali a chegar
A velhinha do correio,
Cada dia carregada,
Com as cartas do Destino
E o peso da Vida inteira.
Depois, olhando o chão,
Já lá vem o sem-abrigo
Livre como mais ninguém!
Só a cabine da luz lhe guardou a solidão
E lhe soube avaliar o peso da sua Cruz.
A música da Procissão
É feita do batucar da forja
Domando o ferro, no fogo.
De lá, vejo cada enxada, avermelhada,
Já pronta para cavar a terra seca ou molhada,
O ganha pão do meu povo.
Nas águas dos teus ribeiros
Paro só para escutar.
Há cânticos ao desafio,
Há bater de travesseiros
Nas pedras lisas do rio
Onde as mulheres vão lavar.
Mais atrás, lá no Pombal,
Com moinhos de papel
Bem colorido,
O velho das alegrias
(Vive na minha lembrança)
Com Setembro é chegado.
De baraço enleado, numa dança,
Puxa o carrito, atulhado, com trapos e fantasias,
Gatos presos e um cão.
Vende sonhos de criança
Rodando ao sabor dum sopro
E…
Com tanta devoção
Entrega a Deus sua Esperança
Ao passar da Procissão.
Roga-se a Paz aos que foram
E a Benção duma Ajuda
Vinda do Céu até nós,
Numa singela Oração
De filhos, pais e avós.
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