quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Afinal, eles são tão úteis!

Mesmo sem o solavanco, bastaria o barulho da queda no buraco da rua, para me aperceber que era preciso verificação de danos. Antes de terminar o pensamento, já os "gemidos do bicho" indicavam a necessidade de encosto.
Junto à paragem dos autocarros, com a Rainha de costas indiferente às limitações da plebeia que se arma em condutora, busco o pneu suplente, tento desapertar a rosca para o atirar para o chão e analisar a função de cada uma das peças restantes.
De macaco na mão, faço sinal ao motorista do autocarro que chega, para que me conceda o espaço da sua paragem. Foi simpático. De porta aberta, avisa-me que devo desapertar as porcas da roda, antes de elevar o carro. Entro no seu veículo e peço-lhe que me desaperte o macaco, ainda por estrear e perro, perro. Agradeço e tento o desapertar da roda. Nada! Tarefa inútil, para fraca gente.
Ergo-me desalentada pela minha incapacidade mas, a meu lado, surgiu-me um "grisalho" a quem desabafei a minha frustração, pela falta de força. Reconheço-lhe a ele e a todos os outros, essa ENORME vantagem.
Sem mais demoras, ele pegou na chave e começou a tarefa. Antes que terminasse, ouço alguém perguntar se precisava de ajuda. Respondo que sim. O carro circula a rotunda e vem ter comigo um jovem casal que toma conta da emergência. O macaco já tinha elevado o carro com a força do 1º cavalheiro, quando o 2º se aproxima  e o meu carro cai, estrondoso, voltando à posição inicial. O jovem, pede à sua companheira, de barriga a abarrotar de Amor, que fosse buscar outro  macaco, ao seu próprio carro.
No final, com as minhas mãos quase tão enfarruscadas como as deles, convido-os a irmos ao café ali ao lado para lavarmos as mãos e bebermos, todos, um cafezinho. Nenhum aceita. Agradeço a preciosa ajuda, desejando à pré-mamã, que o seu menino venha a ser tão prestável e tão simpático como o papá.  Reforço o convite ao "grisalho" que se despede com um não, obrigado. Ponho o carro em andamento e desapareço dali, vergada ao peso da minha consciência feminista radical. Eis, senão quando me lembrei:
- Meu Deus, eu a oferecer-lhes cafezinho e só tenho trocados no porta-moedas. Olha, se eles aceitassem, que figura farias se as moedas não chegassem para pagar a despesa!...
Eu tinha ido à natação e não costumo levar  para lá, dinheiro bastante, para  emergências deste calibre.
Depois do almoço, dirijo-me à oficina a fim de reparar os estragos. Dou voltas e mais voltas e nada. Tenho de perguntar e, é outro simpático, quem me orienta no caminho.
Esta manhã, voltei à oficina e, sem mais esforço do que marcar o código da minha conta bancária, para pagar o novo pneu e o serviço. Tudo ficou como dantes, graças ao desempenho do simpático profissional que se prontificou, até, para me avaliar a pressão dos pneus sempre que eu queira passar por lá.
Reconheço. Homens, assim, são tão importantes, tão queridos! Nem é preciso saber quem são, como se chamam.  Apareçam sempre, tá bem?

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