sábado, 28 de agosto de 2010

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

De rastos, na busca de um rasto

O puto fugiu à escola mesmo tendo cartão vermelho e... ninguém o impediu.
A mãe do puto nunca o levou à tal consulta de psicologia que lhe foi aconselhada, em tempos. Faltavam os 35 euros.
O puto não sabe ler, deseja ter computador mas as coisas têm que se comprar à medida das posses.
Em casa, o puto tem comidinha. O puto é meigo mas sai, só para se juntar às más companhias.
O puto já levou porrada do pai e não serviu de nada.
Os polícias até são amigos da mãe do puto mas ninguém dá rumo. Segurança social, nada. Tribunal, nada.
O puto precisa dum colégio capaz de lhe encaminhar os passos. Em casa, não há esperanças, nem soluções. À mãe do puto custa-lhe essa ideia mas custa mais ver o descaminho e o seu grito sem eco.
Os irmãos do puto nunca foram como ele.
A mãe do puto tem dúvidas. E se o recurso à notícia no jornal vai ser motivo para o puto se desencaminhar, ainda mais? Eles dizem que tal pretensão "é só para fazer andar o tribunal"... mas...
Afinal, o puto ainda só tem 14 anos. Talvez não seja, ainda, um caso perdido.
Que puto de país é este para quem a formação dos jovens não é a prioridade de todos nós?
Que puto de país é o meu, onde o povo só espera o milagre de um apoio quando expõe a sua dor, em praça pública, nos jornais ou na tv?
Vai uma pessoa mandar limpar a lama do carro porque incomoda e traz consigo o desassossego de tanto lamaçal que deixa tantos indiferentes e tanto custa a varrer da alma.
Talvez seja isso: o mandar "lavar", o "deixar de fazer", o "esperar que alguém faça"...
Afinal, também eu só consegui responder ao caso com um voto de Boa Sorte, para o puto.
Triste país onde o Futuro se atola na presunção e indiferença de todos nós, deixando no lodo a juventude que lhe serve de garante.
Numa manhã de Abril, sonhei um "Rasto de Rumo" que se me perde agora, no olhar!

terça-feira, 24 de agosto de 2010

E Sevilha... viu Braga por um canudo!!!!

sábado, 21 de agosto de 2010

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Cá está ele, outra vez...

Há 2 ou 3 dias atrás, depois do serão, como de costume, fui até à varanda que me debruça sobre a cidade, apreciar o fresco da noite, a adivinhar "estórias" por detrás de cada janela ainda iluminada e meditando em banalidades.
Quebrando toda a aparente serenidade citadina, um ronco de motor desvia o meu olhar na direcção da mata que a cidade tão pouco valoriza. Emergindo do arvoredo iluminado, surge-me aos olhos o tal helicóptero. Aquele que, bastas vezes, me tem sido dado ouvir e observar nas suas idas e vindas, tristemente necessárias.
Alguém, no hospital, justifica tal viagem. Alguém é transportado até ao adaptado heliporto e levado para qualquer um dos grandes hospitais da capital.
Ainda o pisca-pisca do heli se avistava no negrume do céu e já os holofotes da mata se desligavam como se a vida rotineira se impusesse àquela urgência de socorro.
E, tão poucos se dão conta disso, de cada vez que acontece.
Fechei a janela, fui dormir dando razão à relatividade com que devo olhar os meus pequenos-grandes problemas.
Agora mesmo, meio da tarde, voltei a debruçar-me na mesma varanda, não já para apreciar pontinhos luminosos mas sim, o calor do sol que foi capaz de vencer os chuviscos da manhã.
Gozando uma quietude a que nem sempre dou importância, novo ronco de motor volta a despertar a minha atenção.
Lá vem ele! Desta vez, observo o seu poisar, o seu silenciar...
Outro alguém precisa de cuidados mais urgentes.
Como sempre, nunca consigo ficar indiferente às movimentações deste helicóptero de serviço hospitalar e já dei por ele a todas as horas do dia ou da noite.
Diz-me a experiência do que já observei tantas vezes, que demorará ainda um bom pedaço até se elevar nos céus e partir, outra vez, rumo ao sul.
Diz-me a Vida que demorará até que eu saiba ser grata a todo o meu bem-estar e às coisas pequeninas de que disfruto e que tão pouco sei apreciar comigo própria!...

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Fogo, Bebé!

Por entre páginas de jornais repletas de notícias sobre incêndios que devastam Portugal, alteram percursos do ciclismo e, pior ainda, tudo queimam e ceifam a vida de esforçados bombeiros, descrente eu, já, das promessas vãs de alguns políticos "empenhados" na prevenção e combate desta calamidade, sentindo, também, um enorme asco pela perversidade de uns quantos pirómanos, ávidos do espectáculo dantesco que às chamas está associado, surge-me, então, entre mais uma e mais outra, uma surpreendente e luminosa notícia do futebol!
De repente, qual fagulha de lume que atravessa rios e montanhas para se espraiar mais longe, os média revelam-nos o jogador sensação do momento.
Viveu, desde os 10 anos na Casa do Gaiato, representou Portugal no Mundial de futebol dos sem abrigo. Chegou a Guimarães, Berço da Pátria mas, dizem os entendidos, o seu talento já não cabe em "cama pequenina". Hoje, é destaque porque o Manchester United o contratou.
Fogo, Bebé!
Com jovens assim, Portugal poderá brilhar sem recurso a incêndios criminosos. Não te deixes envolver no fogo fáctuo da fama. Não te percas no caminho e revela-te Homem Brilhante como brilhante se augura o teu futuro.
Quem adivinharia o rumo deste Bebé, no negrume da sua infância!...
A Vida é isto. Uma surpresa que nos pode maravilhar, constantemente. Saibamos, nós, pôr a render o talento que nos foi predestinado.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A Rádio

A Rádio Antena 1 celebra, hoje, os 75 anos de Rádio Pública, em Portugal.
Também eu tenho memórias da rádio, esse meio de comunicação fantástico, capaz de chegar à minha vida desde menina e que, ainda agora, escuto com gosto.
Enquanto me vou identificando com muitas das referências que estão a ser evocadas, vem-me à memória o dia em que meu pai colocou sobre a mesa da cozinha aquela maravilhosa telefonia "Schaub" (acho que era esta a sua marca) . Ligou-a à ficha da luz que teria chegado a nossa casa há pouco tempo ainda e, num breve mas longo hiato de tempo, esperámos que as válvulas "aquecessem" até ao momento em que " se abriu a torneira" daquela moderna descoberta.
Desde então, acho que nunca mais me desliguei de tão surpreendente modo de "voar".
Recordo o suporte na parede que meu pai inventou para que o "aparelho" estivesse sempre à mão e ao ouvido, sem estorvar, sem se estragar, a jeito de ser ligado, por um deles. Sim, porque a princípio, não era permitido aos garotos ligar ou mexer nos botões, sem autorização dos pais. E, como era apetecível transgredir essa regra! Outros tempos.
Recordo o naperon que minha mãe colocava sobre a telefonia, com duas funções: decorar e proteger do pó, para que não se estragasse aquele pequeno-grande luxo.
Recordo a sedução com que escutava o programa infantil da produção de Maria Madalena Patacho. Lembro-me, até, da música do genérico que me prendia quieta, imaginando cenários, a meu modo. Acho que me deixava absorver tal como vejo, hoje, os miúdos diante dos desenhos animados da tv.
Recordo "os serões para trabalhadores", ao sábado, verdadeiros espectáculos para quem não tinha modo de aceder a outro tipo de concertos musicais.
Recordo as tardes de domingo, com os relatos de futebol que, por magia, faziam meu pai actualizar as horas de sono perdidas durante a semana, nos árduos dias de trabalho. Recordo a arrelia de minha mãe ao ouvir aquelas grandes e prolongadas "explosões" de "gooooooooolo" , desligando o aparelho à sucapa e, assim, acordando meu pai imediatamente, da "soneca profunda" de que parecia atacado.
Recordo o transistor que recebi de presente e o prazer com que escutava os diálogos de domingo com os d`Eça Leal ou os Parodiantes de Lisboa, etc, etc.
Recordo...recordo, tanto.
Recordo essa manhã de Abril quando, ao bater das 7 h, busco na rádio "imagens" duma Revolução ainda por decifrar, procuro notícias que sosseguem minha mãe que adivinhava meu irmão, imerso, no âmago desse Acontecimento.
Há tanto da rádio que faz parte de mim!
Hoje, acordei com a rádio a festejar os seus 75 anos. Hoje, desejo adormecer com a rádio tal como fiz ontem e espero voltar a fazer amanhã.
Obrigada, Rádio Pública Portuguesa, presença sempre disponível, a distribuir companhia.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Aventuras

Escola, uma aventura na Vida ou Vida, uma aventura na escola.

Ando baralhada ou talvez me sinta, apenas, a marchar com o meu pé coxo, a caminho dum futuro que já me cheira a velho.
Desde o berço, me ensinaram que só o esforço e o mérito justificam e premeiam a conquista.
Hoje, descubro modernidades que me encantam e outras que me fazem reflectir e discordar delas, até à náusea.
Alçada no pedestal do poder e distante da realidade, a Ministra da Educação "descobre a pólvora" para o sucesso deste país se tornar "doutorado a 100%".
Acabam os chumbos!
Assim, sem mais, como se poderia decretar acabar com a fome, lançando pães do alto das muralhas, tal qual fez Deuladeu Martins.
Facilitar tudo a meninos e jovens só pode criar a ilusão de que a própria vida se conquista sem esforço, sem necessidade de mérito pessoal, só com benesses caídas do céu ou exigidas com birra, sem respeito pelo trabalho de uns quantos.
Até que, também eu, tenho pena que não seja assim!... Se não vejam:
Agora, ando na descoberta das "novas tecnologias", confiante na minha auto-estima imune a chumbos. Posso dizer aos verdadeiros conhecedores das mesmas (alguns, tanto me têm ajudado, nelas) que também já não sou , nem serei, uma info-excluída e me sinto aprovada nesta área.
...Contudo, ainda há pouco, não fui capaz de gravar, reproduzir e partilhar, as fotos dum momento que desejava registar... e as perdi.
Chumbo?
Haja quem se atreva a dizer-me que devo chumbar nesta matéria.
Arrasarei o prof. mais diligente!...

domingo, 1 de agosto de 2010

Excerpt of the "Ninth Symphony" / Excerto da "Nona Sinfonia"

Este breve apontamento musical pretende, apenas, homenagear o saber estar de dois meninos entre os 4 e os 8 anos que, a meu lado, sós, se comportaram melhor que alguns adultos, durante todo o maravilhoso concerto que foi a 9ª Sinfonia de Beethoven, enquanto os seus pais participavam no grandioso coro que integrava a Orquestra Filarmonia das Beiras.
No fim, pude agradecer àquela família a oportunidade de viver um serão inesquecível!